Até o surgimento da imprensa, em 1440, a transmissão de conhecimento era muito restrito. Foi com Johannes Gutenberg e a invenção da imprensa que ocorreu o grande salto tecnológico que permitiu a muitas pessoas o acesso à cultura escrita. No século XIX , além do desenvolvimento da imprensa , com jornais e livros , outros avanços tecnológicos permitiram a diversificação das comunicações . Foram então inventados o telégrafo e o telefone , que permitiram a comunicação oral e escrita entre pessoas a grandes distâncias em termos sociais mais amplos .
Mas todos esses meios mantinham-se no universo da comunicação puramente linguística , escrita ou falada. Já no final do século XIX e início do século XX apareceu o cinema , primeiro mudo e depois falado , inaugurando um outro universo de comunicação, no qual a imagem se tornou fundamental . A televisão , nascida em meados do século XX, como o próprio nome indica (Tele-visão= "ver de Longe") , criou um elemento completamente novo , em que o ver tem preponderância sobre o ouvir . A voz dos apresentadores é secundária , pois é subordinada às imagens que comenta e analisa. As imagens contam mais do que as palavras . Nisso o indivíduo volta à sua condição animal. A televisão nos dá possibilidade de ver tudo sem sair do universo local. Assim , para Sartori , além de um meio de comunicação , a televisão é um elemento que participa da formação das pessoas e pode gerar um novo tipo de ser humano. Esta afirmação está baseada na observação de que as crianças , em várias partes do mundo , passam muitos diárias vendo televisão antes de saber ler e escrever. Isso dá margem a um novo tipo de formação , centralizado na capacidade de ver. Se o que nos torna diferentes dos outros animais é nossa capacidade de abstração , a televisão , para Sartori , "inverte o progredir do sensível para o inteligível , virando-o em um piscar de olhos [...] para um retorno ao puro ver. Na realidade, a televisão produz imagens e apaga os conceitos , mas desse modo atrofia a nossa capacidade de abstrações e com ela toda a nossa capacidade de compreender ". Então , o Homo Sapiens está sendo substituído pelo "Homo Videns, ou seja , o que importa é a imagem , é o ver sem entender.