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Globalização Versus Estados Nacionais



Virou moda economistas , cientistas políticos e jornalistas afirmarem que, com a globalização, os Estados Nacionais tendem a desaparecer ou ao menos a perder parte substancial  do seu poder. Qual seria a lógica desse raciocínio? O poder econômico das multinacionais , a abertura dos mercados e a integração dos mercados financeiros deixaria os governos nacionais de mãos atadas , não havendo mais autonomia para decidir sobre impostos , barreiras protecionistas e políticas de de juros e créditos. Qualquer política em sentido contrário traria alteração de humor dos grandes agentes econômicos internacionais. Ou seja, segundo tal enfoque , aos governos nacionais restariam apenas as tarefas de promoção da educação e saúde , além de políticas de emprego e assistência social para os mais pobres. Entretanto, se analisarmos com a devida atenção, em vez de se reduzir, o número de países e governos nacionais vem crescendo de forma significativa nos últimos quarenta anos: enquanto em 1960, havia 96 países , hoje temos exatamente o dobro , ainda que em muitos a noção de soberania e o próprio Estado estejam ausentes. Como defender então a ideia do fim do Estado Nacional? Se considerarmos que 75% da população mundial vivem em cerca de 25 países com mais de cinquenta milhões de habitantes e que estas populações continuam dependendo dos serviços fornecidos pelos seus governos, como acreditar numa globalização da política? Por outro lado, não há como negar que o processo de globalização traz desafios enormes para os Estados Nacionais .
Com a expansão dos fluxos econômicos entre as fronteiras, a noção de soberania ou de controle do espaço nacional torna-se mais restrita. Na nova realidade, por exemplo, é possível às empresas saírem de um país ou então os capitais "fugirem" rapidamente da Bolsa, deixando um rastro de desempregados e endividados. Mas é justamente para dar conta desses desafios que   os Estados Nacionais continuam tão importantes. Além disso, é também verdade que o enfrentamento de alguns problemas - como os desastres ecológicos ou os crimes de extensão global- dependem crescentemente de uma cooperação entre Estados.

(BARBOSA , Alexandre de Freitas. O Mundo Globalizado. São Paulo , contexto, 2001, p. 90-91.)